Pós-operatório: cuidados essenciais e o papel da telemedicina no acompanhamento do paciente

O período pós-operatório é um momento importante na recuperação de qualquer paciente. Nesse momento há muitas complicações que podem surgir, exigindo atenção constante da equipe médica. Com o avanço das tecnologias da saúde, a telemedicina vem sendo uma aliada que proporciona mais praticidade, acessibilidade e qualidade no acompanhamento pós-cirúrgico.
Neste artigo, vamos mostrar como a telemedicina pode transformar a forma como esse suporte é oferecido.
Cuidados essenciais no pós-operatório
Independentemente do tipo de cirurgia realizada, o sucesso do procedimento não depende apenas do ato cirúrgico em si, mas também de uma recuperação bem monitorada. Listamos abaixo alguns dos principais cuidados nessa fase:
- Observação dos sinais vitais e sintomas como febre, dor intensa, secreção na ferida e alterações no padrão de funcionamento do corpo (intestino, bexiga, respiração, etc.);
- Cuidados com a ferida cirúrgica, como manter a higiene adequada e identificar sinais de infecção;
- Adesão ao uso de medicamentos prescritos para controle da dor, prevenção de infecções e outras condições;
- Retorno programado ao médico para avaliações clínicas e retirada de pontos ou drenos, quando necessário;
- Acompanhamento de exames e possíveis ajustes na conduta terapêutica.
O desafio é garantir que todos esses cuidados sejam executados corretamente e em tempo hábil, o que muitas vezes esbarra em barreiras como distância, custos de deslocamento e disponibilidade de agenda.
A telemedicina como aliada no cuidado pós-operatório
Nos últimos anos, a telemedicina ganhou espaço em diversas áreas da medicina, e no cuidado pós-operatório não foi diferente. Ela tem se mostrado eficaz ao permitir acompanhamentos remotos por vídeo, mensagens de texto, aplicativos de celular e até por dispositivos vestíveis, sem comprometer a qualidade do atendimento.
Estudos apontam que os resultados clínicos obtidos por meio de atendimentos via telemedicina são equivalentes aos das consultas presenciais, inclusive em procedimentos de maior complexidade. Além disso, a tecnologia permite uma identificação precoce de complicações, evitando agravamentos e internações desnecessárias.
Três formas de utilização da telemedicina no pós-operatório
A atuação da telemedicina no cuidado pós-operatório pode ocorrer de diferentes formas, entre elas:
- Acompanhamento agendado – consultas online para avaliar a recuperação do paciente, tirar dúvidas e orientar os próximos passos.
- Monitoramento rotineiro – envio automático de mensagens ou pesquisas para identificar sintomas e verificar dados clínicos, como pressão arterial, eliminação intestinal ou adesão à medicação.
- Atendimento sob demanda – quando o paciente identifica um problema e entra em contato com a equipe médica via aplicativo, telefone ou mensagem para relatar a situação.
Essas modalidades ajudam a reduzir o tempo de internação, além de contribuírem para a recuperação mais rápida, conforto do paciente e economia de recursos.
Resultados clínicos: o que dizem os estudos?
A eficácia da telemedicina no acompanhamento pós-operatório já é comprovada por diversos estudos. Por exemplo, em procedimentos eletivos de baixo risco, como reparo de hérnia inguinal laparoscópica e aberta, colecistectomia laparoscópica, paratireoidectomia, artroplastia e procedimentos urológicos pediátricos, as taxas de complicação geralmente variam de 0 a 4,8%, o que não é estatisticamente diferente das taxas de complicação observadas em acompanhamentos clínicos tradicionais no pós-operatório.
Inclusive, há autores que defendem que, em alguns casos, as visitas presenciais podem ser substituídas com segurança por acompanhamentos remotos, desde que o paciente esteja em boas condições clínicas.
É importante destacar que pacientes com cirurgias mais complexas ou com fatores de risco específicos podem ainda necessitar de avaliações presenciais. Por isso, é fundamental que o acompanhamento seja personalizado, com base no histórico clínico de cada pessoa.
Satisfação do paciente com o uso da telemedicina no pós-operatório
A aceitação da telemedicina no pós-operatório é bastante alta. Por exemplo, nas áreas de transplante, cirurgia geral e cirurgia vascular, uma proporção considerável de pacientes (90%, 77% e 90%, respectivamente) relatou disposição e confiança na capacidade do profissional de realizar o acompanhamento pós-operatório remoto, incluindo o monitoramento da pressão arterial, orientação quanto à adesão medicamentosa e avaliação de feridas cirúrgicas.
Além disso, pacientes que participam do cuidado pós-operatório por meio da telemedicina relatam alta satisfação e facilidade de uso.
Satisfação dos profissionais com o uso da telemedicina no pós-operatório
Além dos pacientes, muitos profissionais demonstram alta satisfação com a telemedicina.
Após prostatectomia radical, urologistas relataram alto nível de satisfação com consultas por vídeo (88%) em comparação com as visitas presenciais (90%). Esses mesmos urologistas também relataram altos índices de qualidade percebida do histórico médico (82% contra 72%), da gestão terapêutica (85% contra 86%) e da satisfação do paciente (97% contra 86%) nas visitas por vídeo, em comparação com os acompanhamentos tradicionais.
Para o monitoramento de pacientes com queimaduras no pós-operatório, os profissionais relataram estar “muito satisfeitos” em mais de 90% dos atendimentos realizados por telemedicina.
Economia de tempo e dinheiro
A telemedicina se destaca pela redução de custos e ganhos em produtividade, tanto para os pacientes quanto para o sistema de saúde. Em geral, os pacientes economizam com deslocamento, tempo e hospedagem, além de evitarem faltas ao trabalho quando utilizados recursos de telemedicina.
Para o sistema de saúde, os ganhos vão além da redução de internações e readmissões: o acompanhamento remoto permite aumentar o número de consultas disponíveis para novos pacientes, otimizando a ocupação dos centros cirúrgicos e acelerando o acesso às cirurgias eletivas.
Mais acessibilidade para todos
Outro ponto importante é que a telemedicina amplia o acesso à saúde, especialmente para pacientes em áreas rurais ou com dificuldades de locomoção.
Mesmo pacientes com menor familiaridade tecnológica, como idosos e pessoas de baixa renda, têm demonstrado boa adaptação aos atendimentos virtuais, especialmente quando recebem orientações claras e plataformas de fácil usabilidade.
Fonte: Departamento de Cirurgia, Universidade de Michigan USA
Como a Mais Laudo pode ajudar?
O período pós-operatório exige atenção, responsabilidade e cuidado contínuo. A telemedicina surge como uma solução prática, eficiente e segura para promover esse cuidado, garantindo que os pacientes recebam orientações adequadas, monitorem sua recuperação e relatem qualquer intercorrência com agilidade.
Na Mais Laudo, oferecemos serviços completos de emissão de laudos à distância. Com a nossa plataforma, médicos e clínicas podem contar com uma equipe especializada de profissionais que analisam exames remotamente, de forma ágil e segura. Essa solução complementa o acompanhamento pós-operatório, garantindo maior agilidade na entrega de resultados, apoio na tomada de decisões clínicas e mais conforto para os pacientes, que podem receber os laudos sem precisar sair de casa.
Se você é profissional da saúde e deseja conhecer soluções para integrar a telemedicina ao seu fluxo de trabalho, entre em contato conosco. Estamos prontos para te ajudar.

Médico Cardiologista formado pela UNEC e Especialista em Ecocardiografia pela FATESA. Possui vasta experiência em atendimento ambulatorial em Cardiologia e Saúde da Família, urgência e emergência, enfermaria hospitalar, além de atuar como ergometrista. Também possui expertise em Telemedicina, sendo especialista em laudos de Holter, Eletrocardiograma e MAPA. Atualmente, é Coordenador da Unidade Coronariana do Hospital Vila da Serra, Preceptor da Especialização em Cardiologia Clínica do mesmo hospital e referência técnica da Clínica Cuidar Saúde, em Sete Lagoas, MG. CRM MG 61303, RQE 43711 e LinkedIn @jailton-neves-fernandes.